sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Natal

Natal é data de comer, beber, rever a família e cantar músicas em alemão.
Para mim natal talvez seja mais significado de trabalho do que outra coisa, mas feliz natal para todos.
Ontem fui para a casa de praia dos meus avós escutando Velhas Virgens e lendo Pablo Neruda, viagem boa demais. Depois bebi cerveja com meu pai, meu tio e meu avô. Ri demais com toda a família. Gosto disso de todos reunidos, eram 22 pessoas ontem, faltaram 4 pessoas. As 26 estarão reunidas domingo para a festa de aniversário do meu avô... 74 anos! Quase 3/4 de século.

Hoje deixo um poema de um amigo baiano, Claudinei.
Beijos

Tratado sobre o desejo
O que nos consome é o tédio
A morte não faz mal a ninguém,
Já o tédio... Esse destrói tudo,
Esse nos destrói

A vida é pra ser explorada intensamente.
Intensamente em ações e não em palavras.

O que os moralistas
Chamam de pecado
Chamaremos de prazer

Pecado ou prazer não nos importará
Poderemos até morrer,
Mas o tédio não nos consumirá

Só os fracos preferem o tédio
A ter seu belo nome sujo na sociedade.
Pois bem! Sujem meu nome,
Mas, deixem-me sem tédio.

A vida sem pecado é uma vida Inútil
Quero o pecado tão quanto o faminto quer o pão
Quero você hoje, amanhã e depois.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Agora com 22 anos (completados no dia 18)... A idade vai avançando e o juízo parece se esquecer de mim. Ou será eu dele? rsrsrs
Apesar de o semestre já ter terminado eu continuo sem tempo, agora trabalhando o dia inteiro. Vou deixar uma poesia, do Drummond para variar, para não deixar o blog tão esquecido.



CONSOLO NA PRAIA


Vamos, não chores.
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.

O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.

Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis carro, navio, terra.
Mas tens um cão.

Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o humour?

A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.

Tudo somado, devias
precipitar-te, de vez, nas águas.
Estás nu na areia, no vento...
Dorme, meu filho.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Ainda sem tempo, agora trabalhando o dia inteiro.
Bom, vou postar uma coisa que escrevi e que ainda não gosto tanto, mas quem sabe agora aqui no blog eu passe a gostar dela. rsrs
Besos

Fecho a janela e os meus olhos,
abro os meus braços,
quero sentir teu coração.
Eu vou de cabeça e sem cabeça.
O juízo, já não sei onde o perdi,
mas
sei onde posso te encontrar.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Finaleira!

Última semana! Até sexta-feira entrego meus dois últimos trabalhos (ainda faltam dois ensaios monográficos, um artigo e uma prova) e na sexta mesmo vou para Brasília para o Encontro Brasiliense de Estudantes de Letras e para curtir um pouco os amigos que tenho por lá. Ah, vou ministrar novamente a oficina de boxe. Vai ser mais curta, mas espero que seja tão boa quanto a de Niterói. Vou colocar a galera para se mexer um pouco. rsrsrs
Ah! Já sinto o cheiro das férias e mal posso esperar para ter tempo para ler e escrever o que eu quero e não o que mandam. Já comecei a escrever alguns textos, mas estou sem tempo para terminar para postar aqui.

Bom, vou voltar ao artigo.
Besos.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

E a vida é assim, um tapa em uma face e um afago na outra a cada passo que se dá. E é esperando que um dia os tapas sejam apenas construtivos e os afagos sejam sempre verdadeiros que continuo caminhando.

Beijos

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Onda

"(...)como uma onda para a praia na tua direcção vai meu corpo(...)"

Antônio Lobo Antunes. Memória de Elefante, p. 92.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009


Igual-Desigual

Eu desconfiava:
todas as histórias em quadrinho são iguais.
Todos os filmes norte-americanos são iguais.
Todos os filmes de todos os países são iguais.
Todos os best-sellers são iguais.
Todos os campeonatos nacionais e internacionais de futebol são
iguais.
Todos os partidos políticos
são iguais.
Todas as mulheres que andam na moda
são iguais.
Todas as experiências de sexo
são iguais.
Todos os sonetos, gazéis, virelais, sextinas e rondós são iguais
e todos, todos
os poemas em versos livres são enfadonhamente iguais.


Todas as guerras do mundo são iguais.
Todas as fomes são iguais.
Todos os amores, iguais iguais iguais.
Iguais todos os rompimentos.
A morte é igualíssima.
Todas as criações da natureza são iguais.
Todas as ações, cruéis, piedosas ou indiferentes, são iguais.
Contudo, o homem não é igual a nenhum outro homem, bicho
ou coisa.
Não é igual a nada.
Todo ser humano é um estranho
ímpar.

Carlos Drummond de Andrade.
(Do meu mais novo xodó, o livro A paixão medida.)


quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Vamos, venha!
O tempo é curto, não perca o seu aí.
Não lhe peço que seja para sempre,
apenas que seja agora,
que seja fogo para queimar e mão para acariciar.
Eu sei que você quer!
Prometo alimentar o nosso amor todos os dias,
provarei a cada minuto que você nasceu para mim e eu...
Ah!
Deixa que este redemoinho nos leve,
o céu é o nosso limite
e os meus braços são a sua casa.
Vamos, venha logo!

Talita Wuerges

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Anoitecer

Na falta de tempo para escrever, deixo um poema do Drummond, na esperança de um dia escrever como o grande poeta. rsrsrs


ANOITECER

É a hora em que o sino toca,
mas aqui não há sinos;
há somente buzinas,
sirenes roucas, apitos
aflitos, pungentes, trágicos,
uivando escuro segredo;
desta hora tenho medo.

É a hora em que o pássaro volta,
mas de há muito não há pássaros;
só multidões compactas
escorrendo exaustas
como espesso óleo
que impregna o lajedo;
desta hora tenho medo.

É a hora do descanso,
mas o descanso vem tarde,
o corpo não pede sono,
depois de tanto rodar;
pede paz - morte - mergulho
no poço mais ermo e quedo;
desta hora tenho medo.

Hora da delicadeza,
gasalho, sombra, silêncio.
Haverá disso no mundo?

É a hora dos corvos,
bicando em mim, meu passado,
meu futuro, meu degredo;
desta hora, sim, tenho medo.

Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Caminhos

Estou em uma estrada de terra, o ar é seco, o sol é forte e a poeira penetra meus pulmões sem exitar.
À frente vejo uma estrada longa, porém com bifurcações, inúmeras, uma após a outra. Chego até a primeira e a placa nada me indica, apenas apresenta algumas indagações. Parada em frente à placa, reflito e busco as respostas. Confusa e ansiosa, respondo na placa mesmo. Some tudo o que estava escrito e surge uma seta indicando a estrada da esquerda.
Após titubear um pouco resolvo seguir o caminho indicado e nas bifurcações seguintes encontro a mesma situação. Respondidas as questões sigo sempre a estrada indicada.Várias bifurcações depois indago-me o motivo de tais perguntas antes de saber o caminho a seguir. Olho para frente e um enorme muro de pedra está erguido no final da estrada.
Estou cansada, velha, sozinha e triste. A razão dominara todas as minhas escolhas e o caminho traçado culminou em uma estrada sem volta ou saída.
Acordo assustada, minhas mãos tremem levemente, estou suando e dos meus olhos saem lágrimas.

Talita Wuerges

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Conhecer

Eu te vi antes mesmo de reparares que eu existo. Olhei nos teus olhos e neles já percebi a mais bela pureza de um ser humano. Olhei o teu sorriso sincero e com ele e por ele eu sorri. É contagiante.
Quando finalmente me conheceste, eu fui te (re)conhecendo, bem aos poucos, sem pressa - assim como é o amor que, sem a pressa da paixão, vai crescendo aos poucos. Sem pressa também eu fui te deixando me conhecer. Conhecer meu sorriso, meus cabelos, meus olhos, meus lábios... Meu corpo.
Aos poucos a simpatia virou admiração, que virou carinho, que virou desejo, que virou... Hoje viro noites em claro pensando em ti.

Talita Wuerges

domingo, 18 de outubro de 2009

Boas Novas!

Ontem com a reunião de avaliação de gestão Boas Novas do DCE Luís Travassos (UFSC) realmente deu para sentir o clima de fim de gestão e principalmente de dever cumprido.

Segue o discurso de posse da nossa gestão só para deixar um gostinho de o que foi este ano maravilhoso na vida de quem participou dessa construção. Posso dizer que conheci ótimos militantes, aprendi muito com a militância no DCE e com as pessoas com que convivi e principalmente que conheci pessoas maravilhosas e fiz boas amizades. Obrigada a quem fez parte desta loucura!

Discurso de posse da gestão Boas Novas - 27/11/2008

“Boas novas! É tempo de ousar! Tempo de afirmar um movimento estudantil que esteja a altura do desafio da transformação da universidade e da sociedade. Um movimento estudantil que não se limite a reagir às investidas dos governos e das reitorias. Um movimento estudantil independente, propositivo, comprometido com os problemas cotidianos dos estudantes e portador de um novo horizonte para nossa universidade.”

Com essas palavras iniciamos nossa campanha para o DCE, há cerca de 1 mês. Um grupo de estudantes de diversos cursos se reuniram com um projeto ambicioso: recuperar a vitalidade da principal entidade estudantil da UFSC.

Não fizeram isso em negação à história do Movimento, ou pela necessidade de afirmar um projeto próprio. Apostaram, desde o início, na capacidade de reflexão daqueles a quem o DCE deveria sempre se remeter: a maioria dos estudantes, independente de seus centros de ensino. O grupo – agora gestão - “Boas Novas” teve sempre como ponto de partida a realidade do estudante em sala: a qualidade das aulas, seus conteúdos, as condições de permanência na Universidade, etc.

“Imediatismo”, diziam alguns! “Perda do horizonte estratégico da Universidade Pública”, vociferavam outros! Nada disso... Como bem sabem os companheiros dos Movimentos Sociais aqui presentes, a luta que não leve em conta o dia-a-dia das pessoas, seus interesses, suas necessidades mais sentidas, está condenada ao fracasso ou a um voluntarismo estéril. É preciso, antes de tudo, recuperar a legitimidade da entidade perante aos seus representados, mostrar que o DCE serve pra muita coisa, que tem capacidade de melhorar a vida do estudante, que pode ser um frutífero espaço de debate, de construção de idéias.

Fazer o DCE voltar a existir para os estudantes! Essa é a mudança de fundo. E é sobre ela que construiremos o projeto da universidade que acreditamos ser necessária ao país. Mas que universidade é esta que queremos construir?

Acima de tudo, uma universidade, como “máxima” casa do saber, deve ser um espaço preocupado com a reflexão e solução dos principais temas em sua volta. Além de pensar seu entorno, a universidade tem o dever de pensar seu país. No caso do Brasil, pensar um país atravessado pela desigualdade social, pelo racismo, pela concentração de terras, pela dependência econômica, cultural, científica e tecnológica. Enfim, um país subdesenvolvido que deveria ter na universidade um órgão impulsionador das soluções dos problemas de suas maiorias, do seu povo.

Essa vocação da universidade deveria ser exercitada pela liberdade de pensamento, pela liberdade de crítica, por condições iguais de desenvolvimento em todas as áreas das Ciências e das Artes.

Entretanto, a distância entre a vocação da universidade brasileira e sua realidade, é óbvia.

Imersa em um sistema de currículos fragmentados e pouco vinculados ao real, o debate nos cursos da universidade passam longe da realidade brasileira. Do CTC ao CFH, o que vemos em geral é a ausência de reflexão própria, dos problemas – já citados – fundamentais do país, e da busca por sua superação. O mesmo ocorre com a pesquisa e a extensão, onde a regra é a produção sem discussão estratégica dos resultados obtidos. Presas às pontuações da CAPES e CNPq – que, diga-se de passagem, beneficiam publicações “para fora” do país -, nossos resultados científicos refletem a condição subalterna da pesquisa produzida aqui: ausência de patentes, desprezo pelas ciências básicas, incapacidade de solucionar nossos problemas fundamentais. O que dizer a respeito do que ocorre com as enchentes hoje em nosso Estado? Qual foi a participação da UFSC na definição dos projetos de saneamento rodoviários e de prevenção das enchentes recorrentes no Vale do Itajaí? É um absurdo que o auxílio da UFSC se resuma a doações de mantimentos e deslocamentos ocasionais de técnicos especialistas!

Da mesma maneira, não podemos tolerar o precário orçamento do Governo Federal, que para a educação superior. Nossas bibliotecas defasadas, a existência dos xerox, a insuficiência de vagas na Moradia Estudantil, as filas no RU, são, antes de tudo, consequência dessa política. A plena autonomia só será conquistada com financiamento pleno e é só através do dele que garantiremos o caráter público de nossas universidades.

Outro ponto essencial para a consecução da promessa universitária é sua democracia interna. Como disseram os estudantes de Córdoba de 1918, nosso regime universitário está fundado sobre um direito divino: “o direito divino do professorado universitário”. A representação estudantil se resume a 1/5 das cadeiras de colegiados e conselhos. Temos que ocupá-las, é certo, e atuar de forma responsável nesses espaços. Mas devemos ter no horizonte sua ampliação, a busca da paridade e do voto universal, para que as demandas estudantis tenham condições iguais de discussão. principalmente pro sabermos que o novo na universidade tem surgido dos estudantes. Não estamos presos a uma rotina de trabalho restrita a esquemas de pontuação acadêmica que acabam prendendo os docentes em sua rotina. Somos mais livres para pensar e propor alternativas para superar a inércia que vivemos atualmente na academia.

A esta altura, alguns devem pensar que passamos do imediatismo ao idealismo. Nenhum dos dois.

O ME não pode se furtar da discussão sobre os rumos da universidade pública. ME sem um claro horizonte para a universidade, corre o risco de se perder em tarefas prosaicas e, portanto, deixar de ser “movimento”. Mas temos clareza de que um ano – período de nossa gestão – é pouco tempo. Temos os pés no chão, sabemos que toda longa caminhada começa com o primeiro passo.

Não somos o primeiro passo do Movimento Estudantil, é certo. Mas tentaremos dar o primeiro passo da recuperação do DCE Luís Travassos: recuperar sua presença no cotidiano dos estudantes, recuperar seu papel de entidade política formadora de opinião na UFSC e na cidade de Florianópolis, recuperar seu papel de vanguarda no debate sobre a produção de ciência, tecnologia, cultura e arte no país.

Essas são as Boas Novas! Um grupo de estudantes com a ambição de varrer o marasmo desta universidade. Trazer novos ares, novas idéias, novos projetos, novos rumos para o Movimento Estudantil da UFSC!

Muito Obrigado!"


Discurso de posse da Chapa 1 eleita para o DCE Luís Travassos . Gestão 2008/9 . Proferido por Tanay Gonçalves Notargiacomo. Universidade Federal de Santa Catarina. Sala dos Conselhos . Reitoria . Florianópolis, 27 de novembro de 2008.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

ECaEL

Só para deixar um gostinho, uma versão ainda não definitiva do cartaz do ECaEL. Para ver melhor é só clicar na imagem para ampliar.
Logo mais falarei sobre o Encontro.
Ah, a arte do cartaz e de todo evento está sendo feita pelo Pira (Rafael Vilela), um colega de militância do design aqui da UFSC.

Beijos

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Apesar de ser um dia 13 (para os supersticiosos), hoje foi talvez um dos melhores dias do ano.
Comecei o dia, ou melhor, a madrugada, escrevendo um texto que eu estava querendo escrever há alguns dias, algumas coisas precisam ser colocadas para fora, mesmo que seja no papel. Logo postarei aqui. Após algumas horas de sono acordei com um sol maravilhoso batendo na minha janela. Caminhei pela praia para aproveitar o dia lindo e tomei um banho de mar que parece que me trouxe as energias de que precisava.
Depois do almoço em família voltei para Florianópolis, onde participei da última reunião da Gestão Boas Novas (2008/2009) do DCE, assisti uma aula sobre Chico Buarque e ideologia e depois participei da reunião de avaliação da Gestão InterAÇÃO (2008/2009) do Centro Acadêmico Livre de Letras.
Um dia de encerramento de gestões. Último dia das duas. A sensação que fica é, por incrível que pareça, de felicidade. Estou feliz por ter feito parte de um ano de DCE e de dois ano e meio de CALL, ter feito a minha parte pelo movimento estudantil. Não vou deixar de militar, de construir o Movimento Estudantil. Acompanharei o CALL de perto e o DCE na medida do possível, até porque sem contato direto com a base, a minha base, não faria sentido ser executiva da ExNEL ou ser representante discente na Câmara de Ensino e Graduação da UFSC.
Enfim, tenho que estudar para o concurso do Instituto Rio Branco e para as provas de mestrado (além de terminar minha graduação) e por isso vou naturalmente me afastando, sem nunca me desligar.
E os ventos vão mudando, agora parecem estar a favor.


Ein Prosit! [2]

Escutando Marcelo Camelo que tocava no MP3, lendo Cultura e Política do Roberto Schwarz quando a minha concentração deixava e o resto do tempo olhando a paisagem, eu sentada no sétimo banco do carro do meu pai ia de Gravatá, balneário da cidade de Navegantes, para a Oktoberfest. Era por volta das quatro horas da tarde, o sol ainda estava forte e batia no vidro ao meu lado. Estava indo para a minha primeira Oktoberfest e a ansiedade fazia um friozinho na minha barriga.
Chegando na festa a primeira coisa que fizemos foi, claro, pegar um chopp e fazer um brinde com direito a cantar música alemã e tudo. Meu avô, meu pai e eu, cada um com um copo na mão e um sorriso gostoso de se ver no rosto. Sorriso por estar na festa, por estar bebendo um chopp bem geladinho, mas principalmente por estar fazendo isso em família. Minha mãe tirou uma fotografia e minha avó para sair na foto segurou o copo junto com meu avô. Foi um retrato destes de mandar revelar e colocar no porta-retrato da sala.
Sentados no terceiro pavilhão em uma mesa com os primos da minha mãe que encontramos por acaso na festa veio o segundo momento de emoções do dia: eu estava em minha cidade natal, da qual eu saí com três anos mas visito sempre que posso (até um tempo depois eu voltava pelo menos uma vez por mês para visitar a minha Oma¹), mas me sentia uma estrangeira. De fato eu estava apenas de visita, mas foi estranho me sentir deslocada em minha cidade - não sei se estranho é a palavra certa, mas é a que agora parece ser a melhor.
Blumenau estava invadida, como é todo mês de outubro, por pessoas de todo o Brasil e até de fora dele. Camisetas de caravanas mostravam de onde aqueles foliões eram: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba... Todos naquele dia eram um pouco alemães, tanto quanto eu estava me sentindo, talvez até mais. Camisetas, canecas e chapéus montavam o traje da maioria.
A sensação de estrangeira só passou - mas nem toda - quando fui ao Biergarten e, no meio de toda aquela multidão eu sabia cantar a letra da maioria das músicas. Ia além do Ein Prosit, ein Prosit de todos e Ia-ia-ia-ô da massa. Acompanhada pelo meu pai e minha mãe eu cantava as músicas e ensaiava os passos de dança que meu avô me ensinara ainda quando criança. Uma avalanche de lembranças me veio à cabeça. Desde minha querida Oma falando alemão (única língua que sabia falar bem) até as vezes que fui à Schützenfest - Festa do Tiro, em Jaraguá do Sul, cidade em que fui criada - vestida de Frida e o mês que passei na Alemanha. Por um momento viajei pela minha vida, lembrei minha história e voltei a sentir o meu sangue circular verde, amarelo, azul e branco e preto, vermelho e amarelo.

¹ Oma é como chamamos a avó em alemão. Corresponde a um vó (avó é grossmuter). Essa a que me refiro no texto como Oma é a mãe do meu pai, já falecida há 11 anos.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Ein Prosit!

Ein Prosit, ein Prosit der Gemütlichkeit!


Essa é uma música alemã para brindar - Prosit é brinde em alemão. A tradução é: um brinde, um brinde à alegria! Na foto: meus avós, meu pai, eu e meu irmão.
Isso significa que acabei de chegar da Oktoberfest, a maior festa alemã da América, que acontece em outubro em Blumenau (SC).
É a primeira vez em 16 anos que eu vou a Blumenau no mês de outubro, e é a primeira vez que vou à Oktoberfest - fora da barriga da minha mãe, pois com quase 7 meses de gestação a minha mãe "me levou" à Okbtober (risos).
Estou em um turbilhão de emoções. Foi muito bom ter ido à festa, ainda mais ter ido com meus avós, meus pais e meu irmão. Foi um resgate de lembranças da minha infância. Agora, com 3,6 litros de chopp na cabeça (9 copos de 400ml), eu nem consigo escrever tudo que estou sentindo. Amanhã postarei novamente, mas não pude deixar de dizer agora o quanto estou feliz por essa noite maravilhosa com a minha família.

Beijos

sábado, 10 de outubro de 2009

A notícia do dia.

Recebi um e-mail agora à noite em um dos grupos de discussão que participo e resolvi postar aqui, até por falta de tempo de escrever algo. (Vou aproveitar o feriado para escrever um pouco.)
O autor do e-mail se chama Gabriel. Eu não conheco e veio assinado sem sobrenome.

"La negra historia intervencionnista-asesina yanki en Patria Grande; las invasiones a Irak, Afganistan; la masacre de palestinos; las bases en Colombia; el bloqueo a Cuba; Guantanamo; la capa de ozono; las fabricas de misiles; rumfelds y asociados; los cinco cumpas cubanos prisioneros en yankilandia; posada carriles; el golpe en Honduras etc etc etc agradecen que el comité sueco se haya sacado la mascara una vez mas. Berlusconi en Italia lo quería, no se lo dieron. Tampoco a Uribe ni a Alan García que tanto se empecino asesinando hermanos aborigenes. Era para Obama! Necesitaba una medallita. EEUU está perdiendo demasiado terreno en el mundo a pesar de tanta esfuerzo por romperlo. Los pueblos del mundo ya tienen más claro como se desarrolla el circo corrupto del mundo.

Bastaran mas pruebas?"

E uma frase para completar:

"Que no se reblandezcan con los cantos de sirena del enemigo y tengan conciencia de que por su esencia, nunca dejará de ser agresivo, dominante y traicionero; que no se aparten jamás de nuestros obreros, campesinos y el resto del pueblo; que la militancia impida que destruyan as Partido." Raúl Castro Ruz

Beijos

terça-feira, 6 de outubro de 2009

E agora ... ?

O que se faz quando tudo passa a não ter sentido?
Os sonhos, tão sonhados na velha infância, agora parecem borrões.
A realidade está posta à minha frente, nua, como gostaria que tu aqui estivesses, inteira nua.
Mas é simples ilusão. Os momentos de felicidade são esparsos,
logo chega o frio que cerca meu corpo e tenta congelar o meu coração.
Sem sucesso ele se contenta em me deixar apenas sem sentidos.
Amanhã, quando de ti eu novamente me lembrar,
retomarei a vida e a sonhar quem sabe voltarei.
Sonhar um sonho de criança, em que vivemos um lindo final feliz.

Talita Wuerges



Não tente achar sentido. Sentido é tudo o que não há neste momento.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Drummond que era sábio. Este sim sabia falar sobre o amor e as coisas do coração:

"Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita."
Trecho de Amar, de Carlos Drummond de Andrade.

Sem tempo para escrever, só lendo muito.

(Eu, tu, ele, ela... Nós, só nós.)

sábado, 26 de setembro de 2009

Alguém tem um pouco de tempo para me doar ou vender?

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Velha nova vida

Uísque, livros, cigarro. Sono, muito sono, vinte e três horas, cama. Acordo assustado, sete e meia. Levanto vagarosamente, com toda preguiça que se pode ter depois de passar a noite lendo. O sol já forte penetra o meu quarto através das frestas da janela, lembrando-me de que bebi demais na noite anterior. A janela velha já não fecha direito, preciso trocá-la, mas só de pensar no trabalho que me causará já me sinto cansado.
Preciso trabalhar. Olho no relógio e já estou atrasado. São oito e quarenta, estou ainda de pijama e de barba comprida. Nove horas. Vou ligar para o escritório e avisar que estou doente. Se perguntarem o que tenho direi que estou com febre e manchas vermelhas pelo corpo. Se pedirem que eu vá ao médico e traga um atestado, ligarei para aquele velho amigo de meu pai e pedirei um por correio. "Para três dias, por favor. O que tenho? Ah, não sei, qualquer doença meia-boca. Eles vão acreditar, é serviço público!" Pensando bem eles nem vão pedir atestado.
Ligo para meu chefe e a secretária me informa que ele ainda não chegou, talvez nem chegará. A simpática moça diz que passará o recado e anota meu nome e telefone. Acendo um cigarro, encho um copo de uísque e coloco um vinil para tocar. Adormeço e acordo duas horas depois com o som desligado e o copo de uísque derramado. Vou até a prateleira, foleio meia dúzia de livros até escolher um para ler. Leio três ou quatro páginas e o cheiro de livro velho e guardado faz-me recordar os meus planos de adolescente. Já tinha até escolhido o roteiro do meu mochilão pela América. Ah! Que saudade da minha juventude.
Trinta e três anos, a idade que dizem ser a de Cristo, uma idade para grandes atos. Grande ato! É disso que preciso, uma mudança, uma razão para continuar a sobreviver. Tiro do armário uma mochila daquelas de fazer trilha, tiro o pó acumulado há anos e coloco duas calças, algumas camisetas, cuecas e meias, calço meus tênis de corrida e saio de casa rumo à rodoviária. Não avisei ninguém, nem meus velhos pais. Vão me chamar de louco, vão dizer que não penso nas consequências ou vão pensar que morri? Mandarei um postal e tudo ficará bem...
Viver é preciso!

Talita Wuerges

Ausência

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

onde o sentido está contido?
comigo? contigo?
onde andará o sentido?
sentado à beira do abismo?
abismado com tanto cinismo?
onde andará o sentido?
sentado no cais a ver navios?
no meio do mar à deriva?
onde o sentido se esquiva?

Chacal

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

-

Cansei...

Agora eu quero brincar de ser feliz!

domingo, 18 de janeiro de 2009

Canto

O ar úmido, o vento gelado acariciando a minha face, o barulho da água batendo no casco da embarcação - esta cena por si só já me era mui agradável. Ao nos aproximarmos da ilha de Anhatomirim, a névoa que encurtava o nosso campo de visão foi se abrindo como as Brumas de Avalon. A física ou a química explica? Talvez. Prefiro acreditar que os portais da mágica ilha se abriam para a nossa passagem.
Barco atracado, todos desembarcamos. A visão era linda, as construções que se revelavam eram de um encantamento difícil de ser descrito, mas confesso que o que me encantou foi a natureza. As escadarias de mármore português me levaram para mais perto das construções do Forte. No topo das escadarias um portal que em sua arquitetura lembrou-me um pouco as construções orientais, mas foi só atravessar para lembrar que estava diante de obras do Brasil - colônia de Portugal.
Entre Casa do Comandante, Paiol, Estação Radiotelegráfica, adentrar no Quartel da Tropa causou-me arrepios. Ao tocar nos furos de balas nas paredes lembro-me das histórias de torturas e mortes na ilha. Já não há mais escravos, soldados e comandantes, mas ao fechar os olhos posso vê-los, posso escutar os cantos de solidão e os gemidos de dor. Quanta crueldade! Como alguém pôde matar em meio a uma natureza tão rica?
Tentando esquecer tamanha crueldade e sofrimento, deparo-me com um penhasco e por ele fico hipnotizada. A força das águas batendo nos rochedos é grande. Esta deveria ser a única força permitida naquele ambiente: a força da natureza. Acompanho o vai-e-vem do mar, o som que é produzido me fascina, parece o canto de algum deus mostrando a nós do que é capaz. Ao virar-me, fascina-me mais ainda visão que tenho do Forte de Santa Cruz, imagem de cartão postal vista ao vivo, passando apenas pela lente dos meus óculos.
Na volta para o cais, logo ao descer a escadaria de mármore, um pequeno trecho de areia me chama a atenção. A água, com seu balançar formando pequenas ondas me atraía. Água clara e gelada que tocaram os meus membros inferiores causando sensações indescritíveis e criando um “vago ideal de emoções indefiníveis”. Alegria, melancolia, saudades, tranqüilidade, difícil listar o que passou por minha cabeça naquele momento. Não era mais a natureza selvagem que Louis Choris descreveu, mas era exuberante, poderosa e ao mesmo tempo tão fraca, suscetível às mãos e máquinas do homem.
Voltamos pelo caminho das águas. A chuva fina e o vento pareciam querer nos maltratar, mas eu, que já não me importava com as roupas molhadas, apreciei aquele simples momento “como quem já não quer mais chegar, como quem se acostumou no canto das águas, como quem já não quer mais voltar” . O sentimento mais sincero era realmente de não querer mais voltar, o desejo mais profundo era de fazer daquele o meu canto.

Talita Wuerges