Escutando Marcelo Camelo que tocava no MP3, lendo Cultura e Política do Roberto Schwarz quando a minha concentração deixava e o resto do tempo olhando a paisagem, eu sentada no sétimo banco do carro do meu pai ia de Gravatá, balneário da cidade de Navegantes, para a Oktoberfest. Era por volta das quatro horas da tarde, o sol ainda estava forte e batia no vidro ao meu lado. Estava indo para a minha primeira Oktoberfest e a ansiedade fazia um friozinho na minha barriga.
Chegando na festa a primeira coisa que fizemos foi, claro, pegar um chopp e fazer um brinde com direito a cantar música alemã e tudo. Meu avô, meu pai e eu, cada um com um copo na mão e um sorriso gostoso de se ver no rosto. Sorriso por estar na festa, por estar bebendo um chopp bem geladinho, mas principalmente por estar fazendo isso em família. Minha mãe tirou uma fotografia e minha avó para sair na foto segurou o copo junto com meu avô. Foi um retrato destes de mandar revelar e colocar no porta-retrato da sala.
Sentados no terceiro pavilhão em uma mesa com os primos da minha mãe que encontramos por acaso na festa veio o segundo momento de emoções do dia: eu estava em minha cidade natal, da qual eu saí com três anos mas visito sempre que posso (até um tempo depois eu voltava pelo menos uma vez por mês para visitar a minha Oma¹), mas me sentia uma estrangeira. De fato eu estava apenas de visita, mas foi estranho me sentir deslocada em minha cidade - não sei se estranho é a palavra certa, mas é a que agora parece ser a melhor.
Blumenau estava invadida, como é todo mês de outubro, por pessoas de todo o Brasil e até de fora dele. Camisetas de caravanas mostravam de onde aqueles foliões eram: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba... Todos naquele dia eram um pouco alemães, tanto quanto eu estava me sentindo, talvez até mais. Camisetas, canecas e chapéus montavam o traje da maioria.
A sensação de estrangeira só passou - mas nem toda - quando fui ao Biergarten e, no meio de toda aquela multidão eu sabia cantar a letra da maioria das músicas. Ia além do Ein Prosit, ein Prosit de todos e Ia-ia-ia-ô da massa. Acompanhada pelo meu pai e minha mãe eu cantava as músicas e ensaiava os passos de dança que meu avô me ensinara ainda quando criança. Uma avalanche de lembranças me veio à cabeça. Desde minha querida Oma falando alemão (única língua que sabia falar bem) até as vezes que fui à Schützenfest - Festa do Tiro, em Jaraguá do Sul, cidade em que fui criada - vestida de Frida e o mês que passei na Alemanha. Por um momento viajei pela minha vida, lembrei minha história e voltei a sentir o meu sangue circular verde, amarelo, azul e branco e preto, vermelho e amarelo.
Chegando na festa a primeira coisa que fizemos foi, claro, pegar um chopp e fazer um brinde com direito a cantar música alemã e tudo. Meu avô, meu pai e eu, cada um com um copo na mão e um sorriso gostoso de se ver no rosto. Sorriso por estar na festa, por estar bebendo um chopp bem geladinho, mas principalmente por estar fazendo isso em família. Minha mãe tirou uma fotografia e minha avó para sair na foto segurou o copo junto com meu avô. Foi um retrato destes de mandar revelar e colocar no porta-retrato da sala.
Sentados no terceiro pavilhão em uma mesa com os primos da minha mãe que encontramos por acaso na festa veio o segundo momento de emoções do dia: eu estava em minha cidade natal, da qual eu saí com três anos mas visito sempre que posso (até um tempo depois eu voltava pelo menos uma vez por mês para visitar a minha Oma¹), mas me sentia uma estrangeira. De fato eu estava apenas de visita, mas foi estranho me sentir deslocada em minha cidade - não sei se estranho é a palavra certa, mas é a que agora parece ser a melhor.
Blumenau estava invadida, como é todo mês de outubro, por pessoas de todo o Brasil e até de fora dele. Camisetas de caravanas mostravam de onde aqueles foliões eram: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba... Todos naquele dia eram um pouco alemães, tanto quanto eu estava me sentindo, talvez até mais. Camisetas, canecas e chapéus montavam o traje da maioria.
A sensação de estrangeira só passou - mas nem toda - quando fui ao Biergarten e, no meio de toda aquela multidão eu sabia cantar a letra da maioria das músicas. Ia além do Ein Prosit, ein Prosit de todos e Ia-ia-ia-ô da massa. Acompanhada pelo meu pai e minha mãe eu cantava as músicas e ensaiava os passos de dança que meu avô me ensinara ainda quando criança. Uma avalanche de lembranças me veio à cabeça. Desde minha querida Oma falando alemão (única língua que sabia falar bem) até as vezes que fui à Schützenfest - Festa do Tiro, em Jaraguá do Sul, cidade em que fui criada - vestida de Frida e o mês que passei na Alemanha. Por um momento viajei pela minha vida, lembrei minha história e voltei a sentir o meu sangue circular verde, amarelo, azul e branco e preto, vermelho e amarelo.
¹ Oma é como chamamos a avó em alemão. Corresponde a um vó (avó é grossmuter). Essa a que me refiro no texto como Oma é a mãe do meu pai, já falecida há 11 anos.
2 comentários:
Oi Talita!Q super texto! Amei!!!
Parabéns!
Bjão,
Manu (Alagoas)
ah!agora vou acompanhar seu blog mais de perto!
Oi Manu!
Que bom, acompanhe sim. Tens blog também?
Beijãoo
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